Meninas malvadas retrata o autismo feminino?

“Meninas Malvadas” é uma produção icônica. Das duas versões cinematográficas ao musical da Broadway, a história de Cady Heron descobrindo o mundo da adolescência de forma tardia proporcionou boas risadas ao público mas, se analisarmos, há questões muito mais profundas, como: será que meninas malvadas retrata o autismo feminino?

Após se mudar da África para os Estados Unidos, Cady se vê perdida, principalmente após se envolver com o grupo mais popular e maldoso da escola, as plásticas. Ao tentar prejudicar as meninas más se infiltrando e se tornando amiga delas, Cady acaba agindo igual a elas.

Reprodução: Paramount Pictures via twitter

Meninas malvadas e as relações sociais

Desde o início, Cady é uma novata em um ambiente bem estruturado, cheio de regras não ditas e divisões de grupos sociais: um típico ambiente escolar americano. Sua ingenuidade social é evidente, e ela muitas vezes se vê perdida.

A falta de entendimento social é uma característica que muitos autistas possuem. Cady, inicialmente, não compreende as sutilezas que regem as interações entre as meninas do colégio. Seus comentários diretos e falta de consciência sobre as normas sociais, muitas vezes não a deixando perceber que estavam zombando dela, refletem uma dificuldade em decifrar as nuances das relações interpessoais.

O masking do autismo feminino em meninas malvadas

Para se integrar ao grupo popular das “plásticas”, traduzidas inicialmente no brasil como “poderosas”, Cady adota um comportamento muito distante de sua verdadeira personalidade. Essa prática, conhecida como “masking” (de mascarar), é comum entre pessoas no espectro do autismo. Cady molda sua personalidade para se adequar às expectativas sociais do grupo que estava inserida, escondendo seu verdadeiro “eu”, gostos e comportamentos “atípicos”, por trás de uma fachada.

 Desafios da Aceitação e Autenticidade no autismo feminino

A jornada de Cady em “Meninas Malvadas” também retrata os desafios enfrentados por indivíduos autistas ao tentar se encaixar em um mundo que muitas vezes não compreende suas peculiaridades. Sua busca por ser aceita e, eventualmente, a descoberta de que ser espontânea é mais importante, ressoa com muitos que vivenciam o espectro do autismo.

No musical, em sua performance final, Cady deixa uma mensagem referente a aceitar a individualidade de cada um e se amar: 

Veja, eu não vou me esconder

Esse era o meu problema, eu…

Não tenha medo como eu

Quanto mais escura a noite

Mais forte você irá brilhar

Veja aqui a performance completa, com legenda: 

Ao analisarmos esse tipo de produção adolescente, mesmo que a personagem não seja canonicamente uma personagem autista, conseguimos absorver na prática e de forma divertida algumas características que passam despercebidas para entender melhor a individualidade da pessoa no espectro.

Meninas malvadas
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